quinta-feira, 7 de julho de 2011

Religiosos e homofobia

Chega a ser engraçado ver religiosos sendo contra a aprovação do PL 122 que visa criminalizar a homofobia.
Religiões cristãs costumam pregar o amor ao próximo e crêem que Deus criou tudo que há neste mundo, mas estes religiosos tratam gays como se não fossem criados por Deus e não têm nenhum respeito por eles, só por terem uma orientação sexual diferente.
Na tentativa desesperada de justificar seu preconceito, utilizam de "argumentos" de uma imbecilidade indescritível, como fez a ex-atriz, ex-namorada de Roberto Carlos e agora deputada estadual Myrian Rios (vide matéria da revista Época).
Eu respeito as mais diversas religiões, desde que haja coerência e respeito pela diversidade. Se é pecado ser gay, os gays que se resolvam com Deus. Ninguém tem o direito de fiscalizar a vida alheia. Nem de gays nem de hetero. Cada um que cuide da sua. Se é pecado, é deles, não seu. E se você quer experimentar relacionar-se com alguém do mesmo sexo ou até se já fez isso, é problema seu, e não de todos os gays do país. Não há motivo pra descontar suas frustrações neles.
Cada um é plenamente responsável pelas causas que faz nesta vida. Hipocrisia só traz uma imagem negativa pra você e pra sua religião. Pregar uma coisa e agir de forma completamente diferente é incoerente. Se diz que se deve amar o próximo como a ti mesmo, respeita. Seja o próximo gay ou hetero.
Os gays têm os mesmos deveres dos hetero. É justo que também tenham os mesmos direitos.

Porque falei de homofobia aqui? Pq a homofobia é irmã do machismo. Só considera os gays como inferiores quem considera mulheres como inferiores.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A polêmica questão do aborto

Há um ditado chinês que diz: "Faz bem pensar mais uma vez, embora concorde; é bom pensar mais uma vez, embora discorde."

O aborto no Brasil não é punido apenas em umas pouquíssimas circunstâncias. No mais, é considerado crime e apenas por parte da mulher e do médico que colaborar com ela. E há milhares de mulheres que fazem aborto todos os meses, botando em risco suas próprias vidas, por N motivos que a lei não abrange.
Uma coisa que me intriga nisso é que os homens que engravidaram a mulher que faz aborto ilegal não são punidos. Ei, ninguém engravida sozinha! E muitas vezes elas fazem aborto e eles têm plena consciência disso e, mais ainda, são os maiores motivadores do aborto. E ficam impunes. É justo? Não! A mulher não pode ser considerada criminosa sozinha em situações assim.
Outro ponto que vale a pena pensar a respeito e que muitos usam como justificativa é o discurso religioso, o papo de que é pecado, que Deus castiga, que é causa negativa ou outro nome que sua religião der a isso. Beleza, respeito isso. Mas, neste caso, o problema é da pessoa com Deus, e não com a justiça! E o livre arbítrio, fica onde? Cabe observar que minha religião não é favorável ao aborto e eu também não estou defendendo o aborto em si, mas a legalização dele para que possamos ter escolhas sem botar em risco a saúde de milhares de mulheres.
A principal questão é a saúde das mulheres e a opção de escolher o que é melhor pra si. E, se analisarmos a fundo, uma criança gerada contra a vontade dos pais vai ser feliz? Acredito que esta criança teria sérios motivos para ser uma pessoa infeliz e até mesmo tornar-se um bandido, uma pessoa de mau caráter, para vingar a falta de amor familiar. E qual a vantagem disso? Já pensou nos custos sociais disso? É muito mais do que o custo de um aborto.
O Estado deveria proteger seus cidadãos, visando a felicidade, boa saúde e condições de educação e trabalho para todos, e não ficar palpitando se pais podem ou não dar palmadas em filhos, se podem ou não abortar, etc.
A questão das palmadas tem uma coisa pior que é a violência psicológica, que, também por razões culturais, muita gente nem nota, acha normal uma mãe humilhar um filho, afinal "mãe pode tudo". Mas este tema eu deixo pra falar em outro texto.
Ainda sobre o aborto, cabe lembrar que nenhum método anticoncepcional é 100% eficaz. Ou seja, qualquer uma está sujeita a entrar nesses 1% em algum momento. E se o momento não é bom, se a pessoa não tem condições financeiras ou psicológicas de cuidar desse filho, faz o que? Joga no lixo, no rio mais próximo ou coisa do tipo, como vemos tantas vezes nos jornais?
Temos de parar de tapar o sol com a peneira e encarar que o aborto é uma realidade em nosso país e não há motivos para mantê-lo na ilegalidade. A lei não tem de reger questões de cunho religioso, até porque vivemos num país onde há várias religiões e cada um pratica a que quiser, ou não pratica nenhuma, conforme sua escolha. A lei tem de proteger seus cidadãos, os que estão vivos e pagam impostos, manter sua saúde, dar-lhes condições de educação e trabalho.

E você, o que pensa sobre isso? Opine. É interessante ouvir opiniões. Até pouco tempo atrás eu tinha essa visão que somos acostumados desde criança, que aborto é errado, que é matar uma vida, etc. Mas tenho pensado nesses argumentos que apresentei neste texto e os acho bastante coerentes. Cada pessoa é responsável por seus atos. Em questões religiosas a lei não tem de se meter, assim como a religião não tem de se meter a dar palpite nas leis. Sem contar que a lei que criminaliza o aborto tem quase 100 anos e não é uma lei de crime contra a vida mas de crime contra a moral. E eu tenho a impressão que você, como eu até dias antes de escrever este texto, não sabia disso.

Reforço que não estou defendendo o aborto, mas o direito de escolha das mulheres e melhores condições de saúde para elas.

Abraço

Vanessa Versiani
Criadora do projeto Belle Farfalle
vanessaversiani@yahoo.com.br

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Qual o sentido?

Nas famílias formadoras de preconceitos de gênero é comum educarem filhas diferente do modo como educam filhos.
Qual o sentido de educar meninos de modo que eles acreditem que podem tudo, que é bonito homem ficar com muitas mulheres, etc enquanto educa-se as filhas de modo a reprimir muitas das suas vontades, acreditar que mulher tem de ser fiel e monogâmica, mulher não pode isso, mulher não pode aquilo...
Pense bem... Sua filha seria feliz se escolhesse casar com um homem cuja educação foi igual à que você deu ao seu filho? Especialmente no caso das famílias que educam dessa forma que citei, qual a chance de a filha ser feliz num relacionamento onde ela não pode nada e o marido pode tudo e ela tem de aguentar caladinha?
Já parou pra se questionar esse tipo de coisa?
Mesmo que você tenha educado seus filhos de uma forma igualitária (coisa rara), certamente conhece pessoas que educam seus filhos desta forma. Que tal fazer essas perguntas a essas pessoas? Que tal fazê-las pensar um pouco nas consequências de seus atos?
Talvez a maioria faça isso apenas copiando o modelo de criação que recebeu das mães ou o que vê as amigas fazendo, mas é hora de botar os neurônios pra funcionar e pensar nas profundas consequências dessas escolhas sem pensar para o futuro dos seus filhos e da sociedade como um todo.
Você não pode educar os filhos dos outros mas pode fazer os pais repensarem a forma como educam seus filhos. E, com esse pequeno gesto, pode colaborar por uma sociedade mais justa, mais igualitária e onde as mulheres sejam mais respeitadas.

Abraço

Vanessa Versiani
Criadora do projeto Belle Farfalle
vanessaversiani@yahoo.com.br

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Rilke e a igualdade


(…) Por certo, as mulheres, em quem a vida se detém, permanece e mora de um modo mais imediato, mais fecundo, mais confiado, devem ter-se tornado seres mais maduros e mais humanos do que os homens. Este, além de leviano – por não o obrigar o peso de nenhum fruto das suas entranhas a descer sob a superfície da vida – é também vaidoso, presunçoso, confuso, e menospreza, na realidade, a quem crê amar…Esta mais profunda humanidade da mulher, consumada entre sofrimentos e humilhações, sairá à luz e virá a resplandecer quando as mudanças e transformações da sua condição externa se houver desprendido e libertado dos convencionalismos alheios ao meramente feminino. Os homens, aqueles que não pressintam esse advento, sentir-se-ão surpreendidos e vencidos. Chegará um dia, que indubitáveis sinais percursores anunciam já de um modo eloquente e brilhante, sobretudo nos países nórdicos, em que aparecerá a mulher cujo nome já não significará apenas algo oposto ao homem, mas sim algo próprio, independente. Nada que faça pensar num complemento ou limite, senão sómente em vida e em ser: o Humano feminino”.
Este avanço (no início muito contra a vontade dos homens deixados para trás) vai transformar a experiência do amor, que é agora preenchida com o erro, ele vai mudar a partir do zero, e remodelá-lo em um relacionamento que está para ser entre um ser humano e outro, não aquela que flui de homem para mulher. E esse amor mais humano (que irá satisfazer-se com consideração e infinita doçura, bondade e clareza na ligação e liberação) será semelhante o que estamos preparando agora penosamente e com grande luta: o amor, que consiste no seguinte: as duas solidões proteger e unir e agradecer uns aos outros.
(Rilke, “Cartas a Um Jovem Poeta”, sétima carta, de 14 de Maio de 1904)


Esta carta foi escrita em 1904!!! Fazem mais de cem anos! E tal igualdade aqui em nosso país está ainda distante de ser real. Assim como os modelos mentais de relacionamentos.

Até quando?




Vanessa Versiani
Criadora do projeto Belle Farfalle
vanessaversiani@yahoo.com.br

Viva a individualidade!

"Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor


Eu fui na Penha, fui pedir ao Padroeiro para me ajudar
Salve o Morro do Vintém, Pendura a saia eu quero ver
Eu quero ver o tio Sam tocar pandeiro para o mundo sambar



O Tio Sam está querendo conhecer a nossa batucada
Anda dizendo que o molho da baiana melhorou seu prato



Vai entrar no cuzcuz, acarajé e abará.
Na Casa Branca já dançou a batucada de ioiô, iaiá



Brasil, esquentai vossos pandeiros
Iluminai os terreiros que nós queremos sambar



Há quem sambe diferente noutras terras, noutra gente
Num batuque de matar



Batucada, Batucada, reunir nossos valores
Pastorinhas e cantores
Expressão que não tem par, ó meu Brasil



Brasil, esquentai vossos pandeiros
Iluminai os terreiros que nós queremos sambar
Ô, ô, sambar, iêiê, sambar...



Queremos sambar, ioiô, queremos sambar, iaiá"
(Brasil Pandeiro. Composição de Assis Valente. Gravada pelos Novos Bahianos)

O Brasil é uma terra mestiça e como tal, temos pessoas das mais diversas tonalidades de pele e tipos físicos. Assim, não faz sentido considerar belo apenas um único tipo físico e cor de pele, buscando ter aquele perfil, que atualmente é algo como a boneca Barbie.
E este não é um tema limitado às mulheres, mas também aos homens pois essa ditadura da beleza também acaba por afetá-los, levando-os a limitar suas escolhas a um grupo de mulheres, excluindo as demais do conceito de "bonita". Embora os homens prefiram um perfil de mulher diferente do que as mulheres idealizam, também podemos considerar isso um padrão. E todo padrão de beleza é um desrespeito a quem não se enquadra nele.
Assim, visando conscientizar as pessoas de modo a motivá-las a respeitar as diferenças (as próprias em relação aos padrões e também as dos outros em relação a si mesmo), iniciamos o Belle Farfalle, abertos a ouvir idéias que venham agregar valor ao projeto.
Este projeto não terá base em nenhuma religião específica, respeitando pessoas também em relação à variedade de crenças existentes em nosso país.
O respeito às diferenças é o primeiro passo para uma sociedade mais digna, mais poderosa e mais produtiva.
A valorização das diferenças é um passo posterior, quando se valoriza o "eu" e também se valoriza o "outro", mesmo - e principalmente - quando o outro é diferente do eu. E é aí que queremos chegar. Na valorização do eu e do outro, no respeito às mulheres, na igualdade real.
Mulheres que respeitam a si mesmas são mais independentes, tendo condições de viver sem depender financeiramente dos pais, do marido ou outro "provedor". Assim, tomam decisões mais conscientes em relação à sua própria vida. Decisões sobre ter ou não ter filhos, quantos filhos ter, casar ou não, com quem casar, o que estudar, em que área trabalhar e várias outras ficam totalmente em suas mãos e, assim, elas terão de buscar informação e apoio para sustentar tais decisões que são significativas para seu futuro. Um futuro que, nessas condições, estará nas mãos delas. 
Partindo-se do princípio que cada pessoa é responsável por seus atos, nada mais justo e correto do que dar condições para que, de fato, cada pessoa seja totalmente responsável por suas decisões e arque com as consequências delas. Nada mais justo e correto também que proporcionar condições de igualdade entre homens e mulheres. Igualdade nos direitos e deveres. Igualdade que já existe no papel mas não na prática. Na prática ainda há muito a ser feito para que essa igualdade exista de fato.
O primeiro passo está dado. Vamos juntos seguir em frente, rumo a um país realmente democrático, que sirva de exemplo para o mundo, que faça o "Tio Sam" interessar-se por muito mais que nossa batucada e nossa culinária.

Vanessa Versiani
Personal Stylist e Palestrante
Criadora do projeto Belle Farfalle
vanessaversiani@yahoo.com.br

Projeto Belle Farfalle

O Belle Farfalle nasceu através de diversas discussões sobre padronização da beleza, magreza excessiva das modelos, baixa auto-estima feminina, busca de uma beleza ideal inatingível e outros fatores que destroem a auto-estima da mulher e a desestabilizam, tornando-a sempre uma pessoa dependente, se não de alguém, dessa busca insana por uma beleza inatingível.
Assim, começa este projeto e o blog visa agregar a ele novas idéias e possibilidades, assim como ouvir quem sofre com esses problemas para que possamos formatar as melhores soluções possíveis, buscando apoio de empresas e profissionais interessados em abraçar esta mesma causa.
O blog, assim, é uma forma de comunicação entre as pessoas que se percebem vítimas dos problemas que visamos combater, os organizadores do projeto e empresas e profissionais interessados em apoiá-lo.
Belle Farfalle, em italiano, significa belas borboletas. E o projeto visa valorizar a beleza, a auto-estima, a independência e a individualidade de cada bela borboleta deste Brasil, colaborando para que elas tenham vidas saudáveis, produtivas e felizes.
Mulheres de todas as idades e de todos os recantos do Brasil podem ser beneficiadas com as ações deste projeto que inicia seu desenvolvimento hoje.
Maiores detalhes sobre o projeto serão apresentados em breve. E, como é um projeto em formatação, o formato inicial pode ser alterado visando melhores resultados.

Vanessa Versiani
Personal Stylist e Palestrante
Criadora do projeto Belle Farfalle
vanessaversiani@yahoo.com.br
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